sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aulas virtuais – Você está lá?

     
*Por Daniela Hespanha
             Vez ou outra ouço um professor dizendo: “meus alunos não gostam da tecnologia pra estudar, eles só querem saber de Orkut, Twitter, Facebook…”; “nas aulas ele não entra, não sabe navegar, não gosta”!

          Então a questão é: por que ele não gosta? Qual é o desafio para um navegante que todos os dias descobre novas funcionalidades na rede, que é autodidata nos jogos virtuais? As redes sociais cada vez mais freqüentadas por crianças, jovens e adultos, são mais bonitas? Mais atrativas? Possivelmente. Mas elas com frequência lançam novos aplicativos sem nenhum manual de instrução, que logo viram febre, e tenta daqui, pergunta dali, logo está todo mundo usando. Ainda quando há alguma dificuldade, as capacitações costumam resolver o entrave, sinceramente não vejo este como um argumento final. Portanto, temos que olhar com mais cuidado essa relação para entender o porquê de um ambiente virtual ser tão mais atrativo que o outro.
         O que faz um aluno entrar neste ou naquele site não é só o que tem nele, mas o que está acontecendo nele, quem esta lá!
         E o que tem nas redes? Ao acessar as redes sociais, esse aluno encontra os amigos, as pessoas trocam informações o tempo todo, enviam convites, comentam um fato, marcam compromissos, opinam sobre o que ele escreveu, sabem de seus gostos e preferências, fazem sugestões, questionam, ou seja, é um ambiente vivo, frenético, cheio de interação e de novidades o tempo todo. Nas redes você tem feedback a todo o momento, ou seja, você é motivado a “falar” porque sabe que alguém está ouvindo. Por isso digo a vocês que o que faz o aluno ir mais ao facebook do que ao ambiente de uma aula são as pessoas que estão lá e as respostas que elas estão dando a ele!
         Então imagine um professor que gosta da tecnologia e dos ambientes virtuais, trabalha com várias ferramentas, tem todas as suas aulas postadas online, recebe atividades virtualmente, cria fóruns, etc. e ainda assim, não consegue motivar a participação dos alunos? O que pode estar dando errado?
        O fato é que não basta investir no layout dos arquivos, usar aplicativos e softwares modernos, ter um excelente conteúdo, se não houver mediação. A sua disciplina está lá, mas e você, está?
         Quando o aluno acessa sua área educacional há conteúdo, mas não há “gente”, não há movimento. E quem é que gosta de permanecer em um lugar solitário e parado, por melhor que seja a decoração do ambiente?
       Todas estas questões são para que possamos refletir de que forma estamos interagindo com nosso aluno. A tecnologia mudou o meio pelo qual nos comunicamos com ele, mas não a necessidade de nos fazermos presentes.
            Veja as suas experiências! Recentemente participei ao mesmo tempo de dois cursos à distância e a diferença na mediação era notável: no primeiro havia gente postando comentários, imagens, avisando sobre eventos, fazendo sugestões, e a mediação da educadora/tutora não só era freqüente, mas acolhedora e com um feedback provocador, que instigava mais interações. Neste, nem sei dizer quantas vezes me logava ao dia. Bastava ter uma brecha e lá estava eu, ansiosa para ver se alguém havia respondido aos meus comentários, se havia alguma nova dica colocada por um dos colegas. Já no segundo ambiente havia um conteúdo maior, e até havia fóruns abertos, mas as postagens eram muito impessoais, assim como a mediação, sem espaço para a reflexão. Não era um convite à participação. Em pouco tempo, apesar da excelente qualidade nas ferramentas e conteúdos, o espaço de diálogo e aprendizado se transformou num espaço de cobranças e reclamações, isso sem dizer nos muitos que evadiram. Este ambiente eu acessava, mas com uma freqüência bem menor, apenas para baixar os conteúdos e fazer as participações necessárias.
         Acontece assim com todos nós! Pense nas coisas que você já fez na vida, mesmo que seja uma experiência física e não virtual. Se você inicia uma atividade em um grupo e sempre que marca ou vai ao lugar ninguém aparece, ninguém interage com você, por mais que você se interesse pela atividade, você fica desmotivado.
        O movimento está em você! Assim como na aula presencial, suas aulas virtuais têm que ser atrativas, envolventes, para despertar o interesse e a participação do aluno. É preciso dar sentido àquilo que está postado, e para fazer sentido é preciso que haja colaboração, interação, troca, movimento. Esteja atento a forma como você se comunica com seu aluno pelo ambiente virtual. Você não está na frente dele, não há expressão, ele não reage ao seu tom de voz mais ou menos elevado, por isso o desafio aqui é maior. No virtual também a relação de tempo é diferente, por isso a interação deve ser pensada de outra forma. Considere as possibilidades, as limitações , a diversidade, mas tenha a certeza de que mesmo na aprendizagem à distãncia o professor pode fazer a diferença!
   Daniela Hespanha é consultora em Tecnologia Educacional e autora do Educação & Tecnologia , blog integrante do Palco Digital.
Artigo publicado no site http://www.facaparte.org.br/

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